sábado, outubro 24, 2015

Vaiada em Palmas, Dilma ainda conta com a simpatia de Fernando Henrique Cardoso


A três dias de completar um ano de eleita para governar o país pela segunda vez, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada em Palmas, ontem à noite, na abertura dos Jogos Mundiais Indígenas, e levou um tremendo susto quando um índio, nervoso e descontrolado, aproximou-se dela ameaçadoramente, segundo relato da repórter Catarina Alencastro.

A vaia aconteceu quando um grupo de simpatizantes da presidente, pouco antes do início da cerimônia que marcou a abertura dos jogos, começou a cantar “Olê, olê, olá, Dilma, Dilma”. Em resposta, uma parte da arquibancada do estádio disparou uma sonora vaia. Em seguida, o mestre da cerimônia, constrangido, deu início à cerimônia e discursou:

- Índio não vaia, não é o nosso costume. Aqui é celebração. Índio respeita autoridade.

Cercada pelos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), George Hilton (Esporte) e Kátia Abreu (Agricultura), além dos governadores de Tocantins, Marcelo Miranda, e Piauí, Wellington Dias, Dilma fez de conta que a vaia não havia sido para ela. Antes, não conseguira disfarçar o susto que levou ao ser assediada por um índio.

Havia no estádio estandes que vendiam produtos regionais. Ao chegar ao fim do corredor depois de ter passado por todos, Dilma viu se aproximar dela um índio bastante agitado. A segurança presidencial deteve o índio. Ele só queria pedir a Dilma para que visitasse seu estande. Depois que recuperou a calma, ela o fez.

A tormenta que persegue Dilma desde que ela se reelegeu está longe de passar – se é que um dia, de fato, passará. E tem a ver com a ausência, mas não só, de um governo que apresente bons resultados. Nisso concordam, por exemplo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente Lula.

Em junho último, reunido em São Paulo com religiosos, Lula relembrou o que dissera a Dilma no dia 16 de março último, quando a encontrou no Palácio da Alvorada, em Brasília:

- Eu fiz essa pergunta para Dilma: “Companheira, você lembra qual foi a última notícia boa que demos ao Brasil?” E ela não lembrava.

Em entrevista publicada, hoje, em O Globo, Fernando Henrique diz que o país está no meio da crise. E explica por quê:

- O governo está deixando de produzir resultados.

Foi gentil. Poderia ter afirmado que o governo só tem produzido maus resultados, como observou Lula.

Fernando Henrique foi novamente gentil ao ser convidado a falar sobre o impeachment:

- Não sei se há base jurídica para impeachment. Estamos tapando o sol com a peneira. Está tudo tão errado, que não é questão de impeachment ou não. Houve dinheiro discutível na campanha, e isso já é razão para muita coisa. Se juridicamente tem razão ou não (para afastar a presidente), não é isso que vai comandar o processo. É uma questão política e econômica.

Em compensação, foi duro quando avaliou a situação que Eduardo Cunha, presidente da Câmara, atravessa, suspeito de corrupção:

- Eu acho que (o PSDB) deve pedir o afastamento dele. Se você tiver uma pessoa sobre a qual pesem menos dúvidas no exercício da Câmara, você tem mais jogo político a fazer e um processo mais legítimo. Ele (Cunha) está a um passo de virar réu.

Eduardo, Dilma, cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar, impeachment por abuso de poder político ou por ter tido suas contas de 2014 rejeitadas...

2015 parece destinado a ser o ano que acabou sem sequer ter começado.

NOBLAT

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