quinta-feira, abril 02, 2015

Um divã para Dilma


Não sabemos qual o grau de loucura maior, se a desastrada frase do ministro Joaquim Levy sobre a ineficiência de Dilma, ou o ato do Planalto de vazar a irritação e indignação da presidente com as palavras do seu ministro da Fazenda.

A caneta presidencial, entre outras coisas, está lá para isto: quando o primeiro mandatário do país está indignado com um subordinado, simplesmente o demite.

Ou então não torna pública sua indignação, para não passar recibo de sua fragilidade. Até porque, no dia seguinte, ela se esforçou para esconder a braveza e “entender o ministro”.

No último affaire há mais um agravante: a presidente expõe seu ministro da Fazenda em um momento extremamente delicado.

Diante da sucessão de bate-cabeças no governo e em sua base aliada, uma pergunta se impõe: deu a louca nos governistas?

O episódio Cid Gomes é revelador. Um governo com um pingo de juízo jamais nomearia alguém com o perfil tresloucado do ex-governador do Ceará, com um histórico de protagonizar episódios patéticos. Faz parte do folclore da política nacional.

Na frente política, nem mesmo Freud conseguiria explicar as razões que levaram Dilma e seus estrategistas a eleger o enfraquecimento e desidratação do PMDB como principal objetivo.

Hoje a relação com seu principal aliado não é nem de tapas e beijos. É entre tapas e tapas.

Vejamos. Apuradas as urnas, Dilma sentiu-se forte. Ressuscitou aquela maluquice de convocar uma Constituinte exclusiva, com o objetivo de atropelar o Congresso.

A ideia não foi para frente porque o então aliado de todas as horas, Renan Calheiros (PMDB-AL), deu um chega para lá.

O ensandecimento continuou. A presidente montou seu segundo governo priorizando aliados de outros partidos como o PSD e o Pros, destinando aos peemedebistas um papel subalterno. Eles, claro, jamais topariam ser pinguim de geladeira, peça ornamental.

Na contramão do bom senso, os estrategas oficiais inventaram uma candidatura petista para concorrer contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara, envolvendo nessa empreitada ministros e diversos líderes petistas.

Nem o mais ingênuo dos parlamentares acreditou na imparcialidade da presidente. O PT e o Planalto passaram vexame com a derrota acachapante.

Como se fosse pouco, o Planalto insuflou a criação de um novo partido, o PL, para desidratar o PMDB. Onde já se viu tanta esquizofrenia?

Como se os veteranos Renan, Cunha e demais caciques peemedebistas fossem para o matadouro docilmente.

Só não se pode acusar o governo Dilma de monótono. A cada dia há uma crise, um tiro no pé. A presidente é insuperável na arte de ser seu próprio alvo.

São apenas 71 dias do seu segundo governo. Este mandato promete..


Hubert Alquéres Hubert Alquéres

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