Teria imenso prazer em afirmar que relações humanas são correntezas de alegria desaguando no mar das satisfações.
Mas já passei da fase das mentiras, abandonei o berço dos iludidos.
Todo convívio entre humanos é unidade de contrários -avesso, paradoxo e contradição-.
Ao mesmo tempo que encanta, desencanta.
Na mesma medida que motiva, desanima.
É matéria prima da esperança e do desespero.
Faz da existência um paraíso de delícias e um purgatório de amarguras.
É por isso que, ao escolhermos por quem sorrir, estamos automaticamente elegendo a pessoa por quem acreditamos valer a pena chorar.
Se passamos por sofrimentos provocados por nossos pais, filhos, avós, por pessoas que morreriam em nosso lugar, se fosse preciso, como esperar que a vida a dois exclua tal realidade? É claro, não estou falando das dores patológicas, e hematomas provocados por relações insalubres, mas sim, de viver com um ser diferente.
Quem se esquiva do amor para não sofrer, sofre ainda mais no final.
Andrade Moraes