sábado, novembro 28, 2015

Acuado, Delcídio dispara em todas as direções


O senador Delcídio Amaral (PT-MS) aproveitou seu primeiro depoimento à Polícia Federal para mandar recados em todas as direções.

Mandou primeiro para a presidente Dilma. Disse que ela o consultara, quando era ministra das Minas e Energia do primeiro governo Lula, sobre a indicação de Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras.

Segundo ele, Dilma conhecia Cerveró desde a época em que era secretária municipal de energia de Porto Alegre.

A revelação de Delcídio deixou Dilma indignada. Ela voltou a insistir que jamais consultou ninguém antes de nomear Cerveró. Até por que não foi ela que o nomeou.

Cabe ao presidente da República nomear os diretores da Petrobras. Foi Lula quem nomeou Cerveró.

Em seguida, Delcídio mandou recado para o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP). Afirmou que ele está preocupado com a situação de Jorge Zelada, ex-diretor da Petrobras, envolvido na roubalheira da empresa.

Temer soltou uma nota desmentindo Delcídio. Admitiu ter sido apresentado a Zelada. E nada mais do que isso. Resmungou mais tarde para o jornalista Gerson Camarotti, da Globo News:

- Não vou deixar que um Delcídio qualquer manche minha biografia.

Ao referir-se a Temer, Delcídio quis dizer ao PT que mesmo preso, alvo de constrangimentos, ele ainda serve aos interesses do partido.

Enfraquecer Temer é bom para o PT, que não gosta dele. Irritar Dilma também é bom porque o PT não gosta dela. Apenas a atura.

Finalmente, Delcídio mandou recado para Lula ao suspender o depoimento pela metade depois de informado de que ele o criticara.

Quem assistiu ao depoimento conta que Delcídio “descontrolou-se”. Jamais imaginara que Lula seria tão duro com ele.

Os dois são grandes amigos. Mais do que isso: são cúmplices em jogadas políticas. Delcídio sentiu-se traído por Lula.

Não só por Lula. O PT abandou-o. E fez questão de marcar o abandono com a divulgação de uma nota.

Os colegas de Delcídio no Senado deram-lhe as costas ao referendar a decisão do Supremo Tribunal Federal de prendê-lo.

O governo abandonou Delcídio. Por meio de Ricardo Berzoini, ministro das Relações Institucionais, disse que a prisão de Delcídio não se deveu às suas atividades de líder do governo no Senado.

Quis dizer: Delcídio agiu em proveito pessoal.

Nada é mais perigoso do que uma pessoa acuada. Delcídio está acuado. Sem apoio de ninguém, nem mesmo dos amigos.

Uma pessoa assim, para sobreviver, costuma sair atirando. Ou mata ou morre.

NOBLAT