terça-feira, outubro 13, 2015

O falso brilho de uma estrela cadente de nome Eduardo


Salvo se Eduardo Cunha acordar, hoje, de mau humor e resolver aprontar para cima do governo, o mais provável é que o dia se esgote sem que ele nada decida sobre o pedido de impeachment de Dilma que realmente vale – o apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, fundador do PT, e Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso.

A oposição pediu tempo a Eduardo para fazer um aditamento ao pedido de Bicudo e de Reale Júnior. Quer apresentar provas de que não cessaram este ano as pedalas fiscais responsáveis pela rejeição das contas do governo de 2014. Na verdade, essa foi a condição imposta por Eduardo para que ele deixe ir adiante o pedido de impeachment contra Dilma.

Eduardo tem boas razões para proceder assim. Uma delas: juristas de peso dizem que Dilma não pode mais ser punida por eventuais crimes cometidos no seu primeiro mandato. Foi por pensar assim que Michel Temer, à época presidente da Câmara, indeferiu o pedido de impeachment de Fernando Henrique apresentado pelo PT logo no início do segundo governo dele.

E outra razão, essa mais cara ao próprio Eduardo: acusado de ter escondido em bancos suíços dinheiro que recebeu como propina, ele alegará que se o fez foi no exercício do mandato anterior. O mandato atual só foi adquirido por ele no ano passado. Quer dizer: o que vale para Dilma valeria também naturalmente para ele. Ou os dois se darão bem juntos ou se afogarão juntos.

Há duas dimensões na batalha travada no momento por Eduardo: a política, onde ele se confronta com o governo; e a criminal, onde ele se confronta com a Justiça. A primeira se subordina à segunda. Todos os passos e decisões de Eduardo serão ditados por sua necessidade de esvaziar as acusações que ameaçam acabar com a sua carreira política. Por isso ele não tem pressa.

Quem tem pressa é Dilma porque se arrisca a cair. E a oposição que sonha com a queda dela logo. De resto, Eduardo sabe que na hora em que liberar para votação o pedido de impeachment de Dilma ou preferir mandar arquivá-lo, perderá rapidamente importância para o governo e a oposição. Então se verá sozinho e exangue para arrostar com as acusações que ameaçam soterrá-lo.

NOBLAT

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