segunda-feira, junho 15, 2015

QUAL O MEU LUGAR….


Ando viciada na música “O que se quer”, de Marisa Monte.

A melodia é tão contagiante que a letra passa despercebida.

Mas prestando atenção, dá para entender o recado e concordar com a música que diz mais ou menos assim:

” Não tente entender… o tempo dirá… qual o meu lugar… Eu perco o medo do que a sorte lê…”

Semana passada tive certeza do sentido dessa letra.

Porque a vida nos dá novas chances o tempo todo, e reconhecer nossos presentes é perder o medo do que “a sorte lê”.

Pode levar muito tempo para encontrarmos nosso lugar.

Conheço gente que tem o dobro da minha idade e ainda está à procura.

Outros, tão jovens, já têm a certeza de seu espaço, confiança no seu rumo, fé nas suas escolhas.

Existem momentos em que é difícil reconhecermos nosso lugar.

Parece que a vida dá e tira, coloca e pede de volta, estende a mão e puxa o tapete… mas com paciência, o tempo dirá.

E então um dia, por algum motivo pequeno ou grandioso, você percebe que tem um bilhete autenticado em mãos.

Um bilhete que lhe indica exatamente qual sua poltrona, sua janela_ por onde verá o mundo passar_, e sua companhia nessa viagem.

Já me senti sem chão algumas vezes.

É difícil e parece que não vai passar.

Mais ou menos como estar no trem errado vendo o certo ser conduzido para o lado oposto.

Mas o tempo muda tudo.

E dentro do “trem errado”, se você permitir_ e somente se você permitir_ pode começar a ter boas surpresas, grandes presentes.

Essa é a oportunidade de virar o jogo.

Talvez seja isso.

Talvez a certeza venha quando aprendemos a reconhecer a “sorte” de estarmos onde estamos.

E “sorte” é uma palavra banal demais para designar presentes divinos, dádivas, milagres.

A vida sempre recomeça, o tempo insiste em mandar recados.

Mas poucas pessoas percebem.

Poucos acreditam no que a sorte lê.

E por isso insistem em almejar aquilo que não lhes pertence; procuram pelo que não pode ser encontrado; se inquietam com faltas que jamais serão preenchidas; tentam definir o que é indefinível…

Nunca chegam a acreditar que já foram presenteados.

Não se contentam com aquilo que lhes cabe e justificam suas inquietações como excesso de “vida”…

Desejam sempre mais, como se agradecer pelo que se tem, fosse comodismo.

Como disse, semana passada fui presenteada.

Num jantar na casa de meus primos, segurando a bebê recém nascida mais linda desse mundo, recebi um envelope com um tesouro.

Um cartão nomeando eu e meu marido ao posto de “Dindo e Dinda”.

Não pude conter as lágrimas ao reconhecer “qual o meu lugar” depois de tantas dúvidas acerca da maternidade e dos sonhos.

Poderia ter sido apenas um gesto de carinho, mas alguma parte de mim reconheceu o bilhete premiado_ ou aquilo que a vida ainda guardava para mim…



A Soma de Todos os Afetos

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