terça-feira, abril 14, 2015

Paixão não é amor


Eu diria que o amor é o destino. A paixão é um caminho.

Recordo-me de uma ex-namorada minha. Duas semanas depois de ter me conhecido, ela disse que me amava. Eu fiquei embaraçado e não soube bem como reagir. Estava claro que ela esperava ouvir o mesmo de mim.

Eu estava muito apaixonado por ela, mas já a amava?

Não, não a amava, pois, para mim, amar é em primeiro lugar gostar do outro assim como ele é. Mas, apesar de apaixonado e feliz, percebi que mal nos conhecíamos. Como eu poderia “amá-la assim como ela é” se eu ainda nem sabia direito como é que ela era.

Percebi então a diferença entre paixão e amor. Eu estava apaixonado, feliz, otimista, planejando um futuro com aquela mulher, que eu queria conhecer, gostar cada dia mais, aprendendo a amá-la. Mas ainda não a conhecia o suficiente para poder dizer que a amava.

Percebi então que ela confundia amor com paixão. Acho importante entender que não é a mesma coisa. Ambos podem existir simultaneamente (tem coisa melhor do que estar apaixonado por quem se ama?), mas são coisas diferentes.

Mesmo que muitas vezes nos esqueçamos disso, o homem também é um animal, um ser vivo, parte da natureza. Todo ser vivo é biologicamente programado para sobreviver e se reproduzir, garantindo a existência da espécie. Soa seco, mas é um fato, que vale para qualquer ser vivo, para qualquer planta, para qualquer animal, também para os homens.

Não gostaria de ser mal entendido. Não quero de forma alguma reduzir a paixão a um mero instinto de sobrevivência. O encontro de duas pessoas, a atração física, a intimidade e tudo que acompanha essa fase fazem da paixão algo bem mais complexo, mas não deveríamos ignorar a importância de nossos instintos e do que acontece com nosso corpo e nossa cabeça quando nos apaixonamos.

O homem é um ser social. Com raras exceções, nenhum ser humano gosta de viver isolado, sem contato com outras pessoas. Isso fez com que ele, ainda cedo na sua evolução, optasse por viver em grupos, construindo mais tarde cidades, organizando em países, formando nações.

Crescemos em famílias, nos sentimos intimamente ligados a determinadas pessoas, criamos laços emocionais, pois precisamos disso para sobreviver. Isso tem funcionado bem desde o inicio da vida humana neste planeta, já que estamos aqui até hoje. A estratégia social do animal homem não passou despercebida pela evolução humana, que achou um jeito de juntar mulher e homem e garantir a existência humana: a paixão. Uma solução bem mais elegante que o cio de outros animais.

Estou pessoalmente convencido de que nos apaixonamos pelo nariz. Diversos estudos comprovam isso. Mesmo que não percebamos de imediato (ou nunca!), é o nariz que decide por quem nos apaixonamos. Naturalmente há outros fatores, mas se o cheiro do outro não bater com o “programa biológico” do próprio corpo, ele não terá nenhuma chance. E acredito que percebemos isso muitas vezes.

Talvez você conheça a experiência de achar uma pessoa atraente, de ficar interessado, de ver de novo, de ficar mais interessado ainda, mas perdendo rapidamente o interesse na primeira aproximação dos corpos. Tudo parecia perfeito, mas não funcionou mais a partir de um determinado momento. Normalmente isso passa despercebido, mas se você prestou bem atenção, foi o cheiro do outro que não agradou.

Não falo de cheiro de perfume. Esse se pode comprar por aí. E nem digo que o outro cheirava mal. Falo do cheiro do corpo, do cheiro natural da pessoa. Isso não quer dizer que pessoas que “não se cheirem bem” não possam viver juntas e até mesmo amar uma a outra (amor não é paixão!). Mas duas pessoas com incompatibilidade de cheiro não vivem uma grande paixão.

Às vezes nem entendemos porque não nos apaixonamos por determinadas pessoas. E muito menos entendemos por que nos apaixonamos por determinadas outras. Acredite: é o nariz.

Escolhemos instintivamente pelo cheiro alguém que tenha um sistema imunológico diferente do nosso para aumentar nossa resistência genética. Assim somos biologicamente programados. Quando o nariz dá o sinal verde e os demais fatores também estejam de acordo, o corpo produz dopamina e adrenalina, o nível de serotonina é alterado, a bagunça química começa, o corpo entra em festa, causando euforia e sentimento de felicidade, satisfação.

O que quero dizer é que a paixão é um caminho para que dois seres humanos possam se conhecer e talvez se amar. Precisamos dela, mas ela não é amor.

Curta sua paixão e deixe o amor crescer.

Mas use a palavra AMOR com moderação. Assim ela terá uma força digna quando for dita no momento certo, sem antecipação.

GUSTL ROSENKRANZ

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