quinta-feira, abril 23, 2015

Dia de São Jorge Guerreiro


Os tempos mudaram. São Jorge, o Guerreiro, um dia rebaixado a santo menor, de terceira categoria, por bula do papa Paulo VI, foi reabilitado como santo maior, lembrando a figura de Jesus, pelas mãos de João Paulo II, em 2000.

Padroeiro da Inglaterra, de Portugal e da Catalunha, São Jorge reina no Brasil como santo guerreiro sincretizado no candomblé com Oxóssi e na umbanda com Ogum, vencedor de demandas, e é patrono da cavalaria do exército e da polícia militar. Seus fiéis veem a imagem do santo em seu cavalo branco matando o dragão, nas manchas escuras da lua.

Há muito que no dia 23 de abril, nas bancas de jogo do bicho, até hoje ilegais porém muito presentes nas esquinas da cidade do Rio de Janeiro e pelo Brasil afora, é proibido apostar no cavalo. Conta a lenda que a banca do jogo faliu num dia do santo. Assim, neste dia não é permitido apostar no cavalo.

Houve um tempo em que São Jorge reinava na umbanda como santo guerreiro com sua espada de ouro e sua coroa de rei. Os terreiros fervilhavam de fiéis e a festa durava noite e dia. A umbanda no Rio de Janeiro arrastava multidões. Hoje, com o crescimento dos evangélicos no País e especialmente no Rio de Janeiro, o culto aos orixás parece ter arrefecido.

Mas ­a festa de São Jorge na sua igreja no centro histórico do Rio de Janeiro, na praça da República, ou em Quintino, é celebrada com missas onde se cantam hinos de louvor e até a famosa música de Jorge Benjor, “Jorge da Capadócia”.


O que significa o culto a um santo guerreiro em um país que viveu poucas guerras? O que significa a vitória sobre o dragão da maldade? Estou curiosa para saber se a crise que se anuncia fará reviver, de algum modo, a importância de São Jorge no imaginário religioso brasileiro.

Vejo nas lojas da Saara, no centro da cidade, muitas camisetas com a estampa do cavaleiro em seu cavalo branco matando o dragão e já estive muitas vezes na festa em frente à igreja dedicada ao santo. Simples, branca, no altar principal estão o ostensório e Cristo na Cruz tendo ao lado uma grande imagem do santo em um cercado, para impedir a proximidade dos milhares de devotos que ainda querem receber sua proteção passando por baixo de seu manto vermelho.

Que a crença popular proteja os brasileiros e o Santo Guerreiro, e que sua imagem, vista nas sombras da lua cheia, possa, nos nossos sonhos, vencer nossas “demandas”. Que as crianças sejam protegidas da sanha dos que querem torná-las adultas antes da hora para jogá-las nas masmorras onde vegetam os adultos que praticam crimes hediondos ou apenas furtam o pão de cada dia. Que ilumine os nossos legisladores para que parem com a guerra às drogas que produz o crime e, como consequência um morticínio inútil. Que, enfim, nos proteja da roubalheira praticada por aqueles que deveriam estar nos protegendo.

G1

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