terça-feira, janeiro 20, 2015

Com licença. Por favor, me desculpe


Dias atrás apareceu no Facebook sugestão de campanha pela volta das palavras: Por favor. Obrigada. Desculpe. Com licença. Te amo. Ali batizadas de “palavras mágicas”. Incluo também os tradicionais: Bom dia. Boa tarde. Boa noite. Até logo.

E suspiro: Não sou só eu que sinto falta delas.

São as magias das redes sociais. Nelas descobrimos que não estamos sozinhos. Temos parcerias no pensar e sentir, às vezes em grandes grupos, às vezes restrita a uns poucos. Mas raramente ficamos sozinhos em posições ali expostas.

Muita gente vem sentindo falta de gentilezas (que geram gentilezas. Lembra?). Não só as verbais, como também as de atitude – um sorriso, por exemplo. Pare para pensar. Quantos sorrisos deu hoje? Ontem? Na última semana?

Vale a mesma contagem para todas as palavrinhas mágicas. O resultado será surpreendente. Foram ditas poucas vezes. Caíram em desuso.

Pois é. A gente anda regateando até sorriso. E nem venha culpar o calorão por isso. Com chuva, frio ou sol, estamos sempre de cabeça baixa, olhos grudados nas telas dos smartphones, teclando muito mais do que falando.

E agradecendo e cumprimentando menos ainda. Aquém do desejado, do que, um dia, era o exigido pela tal da boa educação.

Bom lembrar uma bobagenzinha: educação não é só ir à escola e acumular conteúdos para passar no vestibular e em concurso, finalizar mestrado, doutorado, pós-graduação, não! Outros itens (fundamentais) cabem e compõem o sentido desse desgastado substantivo feminino.

Será que é porque falamos mais por escrito, com sorrisos, broncas e até gargalhadas representadas por signos ou ícones – rs! kkkkk! e caretinhas -, que temos praticado tão pouco gentilezas?

Quem já não assistiu um grupo inteiro, em torno de uma mesa, de cabeça baixa e teclando? Não dá vontade de rir e indagar: por que estão juntos se está cada um só com seu aparelho? É a tribo do juntos mas separados? Juntamente isolados?

Vamos sendo transformados num bando de surdos-mudos por opção e vício. (Com todo respeito aos reais deficientes, por favor. E sem esquecer pena dos pescoços e colunas sacrificados).

Os grupos de mudos teclando desesperada e rapidamente, sem prestar atenção em nada ou ninguém que não a tela, não são outro sintoma de má educação ou falta dela?

A “teclagem”, que obriga a explicitar sentimentos por escrito, não está nos fazendo também burrinhos? Hoje, muita gente não entende mais ironias verbais, nem percebe diferenças marcadas pela entonação de voz, por exemplo. (Será que ainda sabem o que é “entonação”?).

Agora, se eu duvidar de alguma coisa relatada por escrito e rebater com um “juuuura?” ou um smiley, emoticon, emoji de dúvida minha manifestação de descrença será perfeitamente entendida. É ou não é?

Papo de velho? Resistência ao novo?

Nãoooooo. Juroooo! Adoro as caretinhas, florzinhas... Economizam mal entendidos. Têm me salvado pacas! rs

Mas uma coisa precisa matar a outra? Para sermos “in” em TI temos de ser também cada vez mais silenciosamente deseducados, ensimesmados, carrancudos, solitários, egocentrados?

Obrigada messsssssssssmo por ler até aqui.

Bom dia!!

Tânia Fusco Tânia Fusco

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