Hoje eu roubei um poema pra você.
Ontem também...
Talvez eu seja cleptomaníaca
Mas confesso que é mais forte
Quando vejo um poema que cabe em você
Que serve certinho
Já pego logo
Enfio no bolso
E escondo até chegar em casa.
Não sei se você gosta,
Nunca soube que eram todos roubados
Mas cada sorriso seu depois de vesti-los,
De se olhar no espelho,
De se enamorar toda do verso novo...
Ah... eu roubo mesmo, roubo quantos forem necessários
Roubo verso do dia, da noite, do céu
Roubo verso do camelô, do jornaleiro, do bêbado de passo torto
Da velhinha na fila do pão, na cara amarrada do vizinho rabugento,
Vou pegando tudo, costurando os retalhos e pronto,
Toda a beleza e sutileza do meu dia
Coube em você...
E não haveria de não caber,
Olho o dia todo
Com olhar perdido
Buscando mesmo é te encontrar...
Em tudo!
- Ei, olha o que eu achei!
Encontrei ali na esquina, parece que te cabe.
Quer pra você?
Fran Santana
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