quinta-feira, abril 24, 2014

O menino sem querer viu o céu,


O menino sem querer viu o céu, desconcertando-se de grandeza.

Viu que o tempo era um fragmento de nossa lendária eternidade e que não há diferença entre o primeiro e o último suspiro.

As estrelas iluminavam a morte de forma tão precisa que, sem querer, percebeu-se festejando a vida intensamente.

Embriagado de desejo, enfiou as mãos na areia para sorver as vozes espalhadas pelo pó e vindas de tantas bocas.

O dia seguiria surgindo inevitavelmente, ascendendo e apagando gerações inteiras, infectando de luz nossas trevas cotidianas.

O menino que olhava o céu, desconcertado de grandeza, amava em silêncio o instante para sempre perdido.

Texto: Tiago Fabris Rendelli

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