Eu confesso
Eu creio em Deus e no amor, mas sou irritadiça e impaciente.
Não tenho tempo interno para mimimi.
Careço de recursos próprios para mera babaquice...
Facilmente, perco a vontade de permanecer naquela relação de amizade quando a sessão de asfixia perturba a minha visão, a minha respiração, a minha irritação.
Há gente que se empodera do Outro, sem qualquer permissão; enquanto eu toco a vida buscando me empoderar de mim, inclusive com Seu Freud, de quem não ouso desistir.
Eu peço ajuda.
Eu acendo uma chama.
Eu chamo.
Eu clamo.
Eu me entorto e me endireito, nem sempre tão torta, quase nunca direita, mas, eu sigo.
Gente rasa me incomoda, se acomoda, se perde e quer se achar na gente.
Com tantas questões que me tomam, sou indiferente à tocha olímpica.
Lamento informar.
A chama que não pode apagar em mim sou eu.
Ah, vamos ser francos, já que não somos santos, nem mancos no pensar : viver dá o maior trabalho!
E para realizá-lo gasto um tantão de mim, assim...
( Cláudia Dornelles )
Sol Hoffmann