Amizade é coisa simples: Alguém pensa em você mesmo quando você não pede tampouco precisa. E quando precisa não pede porque faz parte do outro, a ponto dele sentir, pressentir.
sexta-feira, agosto 23, 2013
E quando vamos importar de Cuba leitos de UTI e ambulâncias?
Ok. Estou de acordo. O governo Dilma importará 4 mil médicos cubanos para atender em áreas carentes do Brasil onde inexistem médicos brasileiros. Bom. Se há cidades sem médico algum e se nossos doutores de branco não querem se mudar para lugar chinfrim, então que venham os médicos de Fidel. Os primeiros 400 chegam neste próximo fim de semana para postos no Norte e no Nordeste do Brasil.
Mas, me respondam, por favor: de onde virão as ambulâncias e os leitos de UTI? E os equipamentos para realizar exames como endoscopia, ultrassonografia e ressonância magnética? Ou um simples ecocardiograma? Se não, o médico vai ficar olhando para o paciente, e o paciente olhando para ele.
Todo mundo viu esta semana quando Orlando Rodrigues da Silva, de 70 anos, agonizou em Porto Alegre (área "carente"?) durante quase meia hora na rua, sem socorro. O repórter da RBS, Manoel Soares, fez um excelente trabalho ao gravar o atendimento ("atendimento"?) pelo telefone. Dizia o médico ("médico"?) ao telefone:
"Não foi ambulância porque não tem. É isso. Vocês têm que entender isso. Não há ambulância. Ponto. Acabou. O telefone está aqui na tela. Assim que tiver uma ambulância, a gente vai mandar. Agora, se vocês estão com tanta pressa, que encaminhem para o HPS, para a Santa Casa", respondeu o servidor ("servidor"?) da Saúde, desligando o telefone na cara do repórter, sem saber que estava sendo gravado.
Isso acontece todo dia em qualquer Capital, não precisa ser no interior desassistido. Mas poucas vezes é exibido na TV porque o repórter não passa no exato momento - ou não tem a agilidade de Manoel Soares.
Choca. Não é pouco, não. Choca muito ver como são maltratados os que têm um mal súbito na rua ou os que procuram emergências de hospital público ou os que ficam na fila, no sol a pino ou sob a chuva esperando atendimento! Especialmente num país com uma arrecadação tributária de Primeiro Mundo.
Ah, mas isso não fica assim porque não existe impunidade no Brasil! Solução simples. O servidor público e médico atendente do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi afastado imediatamente pelo secretário municipal da Saúde, Carlos Henrique Casartelli, logo após a reportagem televisiva. Lindo, né? Tirou-se o bode da sala.
Achei horrível a frieza e o despreparo do servidor/médico que atendeu o repórter - mas imagino quantos médicos simplesmente piram, enlouquecem com a total deficiência de logística e equipamentos e leitos nesse país.
Para resolver então o "marketing" da Saúde, a prefeitura gaúcha deve colocar ali no SAMU um atendente robô, que não se sinta impotente e não se irrite com a falta de ambulâncias e infraestrutura. Alguém treinado pelas operadoras de celular para não alterar o tom da voz, e que dirá a quem pede socorro: "Acalme-se, o senhor está nervoso, nós prometemos que iremos estar mandando uma ambulância assim que ela estiver sendo disponibilizada".
Sacou? Ponto. Acabou.
Ah, Orlando morreu. No Sul maravilha.
Corte para Natal, Rio Grande do Norte...nessa Capital de praias lindas e turísticas, só neste mês três pessoas morreram num hospital do município à espera de transferência. Deu hoje no Bom dia Brasil. Pacientes recorrem à Justiça para conseguir internação mas sem sucesso. Gilson Alves de Andrade tinha cirrose hepática e esperava por uma UTI desde quinta-feira da semana passada, no Hospital dos Pescadores, que não tem leitos de UTI - como nenhum outro hospital do município! Morreu. Uma mãe perdeu um filho de 25 anos no início deste mês pelo mesmo motivo, esperando em vão por uma transferência para hospital do Estado. Outro paciente teve um infarto e foi mantido num respirador por cinco horas. Morreu também.
Josimário de Souza, filho de um paciente de 79 anos com problemas cardíacos, conseguiu liminar na Justiça para internar o pai num hospital estadual, mas está tudo superlotado. Esse ainda está vivo, numa unidade de pronto atendimento, sem recursos. Até quando?
"Isso é um direito. Ninguém está pedindo favor", disse Josimário.
Mas os 4 mil médicos cubanos vão dar um jeito na Saúde, não é, presidente Dilma?
Postado por
mariatereza cichelli
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