terça-feira, novembro 22, 2016

Deixa fluir...


Eu não cumpri todas minhas metas.

Uma vez, minha psicóloga me perguntou: como você se vê daqui há 5 anos?

Nunca soube responder essa pergunta, mesmo sendo uma pessoa que coleciona um apanhado de sonhos.

Mas taí. Fui descobrindo que essa imprevisibilidade toda da vida que tira tudo do lugar, bagunça nossos objetivos.

E que, muitas vezes me senti um mero objeto do acaso e acreditei nele sem culpa ou neura.

Eu não cumpri minhas metas, não emagreci no ano que fiz promessa no réveillon e nem consegui juntar aquele dinheiro extra.

Mas consegui tirar alguns projetos do papel e fui indo, dando um passo de cada vez, e assim percebi que o mais importante é o movimento e não a cobrança.

Esse lance todo de nos dar prazos pra isso ou aquilo é auto boicote.

Deixa fluir.

No curso que seja confortável pros teus passos não cansarem.

Melhor ir seguindo sem desistir do que traçar planos mirabolantes e inalcançáveis e se frustrar pois são tão surreais que se tornam inatingíveis.

Eu não sou tudo que me proponho ser, mas me esforço para tal, não consigo ter paciência de Buda em momentos que eu gostaria de ter, não consigo ser sociável com qualquer pessoa, não conquistei o emprego dos sonhos e conheço quem tenha conquistado e largou tudo porque viu, pela realidade, que o sonho não era dela e sim de outra pessoa.

Eu não conheci o homem da minha vida e conheço muitos que também não e se culpam, se cobram, lastimam.

Eu sofro porque me comparo constantemente com os outros ou comigo mesma quando eu era mais nova e tinha mais energia, disposição e ingenuidade.

Eu sofro porque me permito influenciar pelas regras que alguém disse que......

Eu não sou o que idealizei ser quando adulta e mesmo assim me sinto plena pois me sinto livre o suficiente para em entender imperfeita.

E saber que o mundo gira tão rápido quanto os ponteiros do relógio marcam as 18h, me faz lembrar que é hora de ir embora de tudo que marcamos, que cumprimos e descumprimos, que descansamos e corremos.

E poder aperfeiçoar esse dom de deitar na sombra da consciência tranquila e abandonar de vez as cobranças que nos enchem demais, as pessoas que não nos trazem nada e as promessas que fazemos quando não estamos dentro da nossa casa de dentro.

Só entrando em nós para saber a hora de abrir a porta e entender que é no imprevisto onde moro.

Lilian Vereza