terça-feira, julho 12, 2016

Equilibrando pratos


No que diz respeito aos relacionamentos, ultimamente as pessoas têm se tornado exímios equilibristas.

Eu explico.

Tente você visualizar um equilibrista de pratos bastante habilidoso, segurando várias varetas que, por sua vez, mantém os pratos em suas extremidades girando. Enxergou?

No caso, você é o prato, e aquela pessoa que você gosta, o equilibrista.

Ele enxerga e administra todos, e faz de tudo para que você não visualize os outros pratos a girar.

Perceba. Não é que ele não se importe com você.

Ele só não gosta o suficiente para dispensar os outros.

Cada um dos pratos é importante e faz parte do show.

O problema é que ninguém consegue dar atenção a todos ao mesmo tempo.

O segredo então é administrar o movimento de cada um e manter a quantidade máxima de pratos girando.

Quando um deles perde velocidade e ameaça cair, é o momento de dar impulso para que ele volte a girar.

Fazer o prato continuar em movimento nem sempre requer um toque, se é que me entende.

Talvez uma simples girada na vareta seja o suficiente.

Uma mensagem de bom dia, aquela jura de saudade ou, quando o prato está mesmo próximo a cair, um encontro, um presente ou uma viagem.

Pronto, já é o suficiente para restabelecer o equilíbrio.

Não pense você que somente homens equilibram pratos.

De tanto serem equilibradas, as mulheres também aprenderam a equilibrar.

Não adianta querer negar ou condenar.

Todos nós já fomos pratos ou equilibristas em algum momento da vida.

Até mesmo pessoas comprometidas costumam manter pratos girando. Você sabe como é, né?

Nunca se sabe até quando as cortinas de um relacionamento estarão abertas, e ninguém quer começar tudo do zero.

Vez ou outra o equilibrista se descuida de um e ele acaba caindo e se quebrando.

Não é um caminho sem volta.

Pratos emendados podem voltar a girar, mas são mais difíceis de equilibrar.

Em outras situações, quando já não se pode mais administrar tantos pratos, é hora de escolher algum para sacrificar.

Um prato cai, um novo entra, e logo aquele desprezado encontrará alguém para impulsioná-lo.

Não há prato tão ruim que não encontre uma vareta.

E também não existe ninguém tão especial assim. Vida que segue.

Os pratos continuam girando.

Vai ver um dia o equilibrista se canse do jogo.

Quem sabe, lá na frente, apareça uma bela porcelana que faça todos os outros pratos ficarem sem graça.

Pode até ser, mas não será você.

Uma vez equilibrada, jamais prato principal.

Até lá, olhos nas varetas para que o espetáculo continue grandioso.

Pratos cheios, sentimentos vazios.

Cada um deles segue se sentindo único.

Hoje ele equilibra, amanhã será equilibrado.

Odeie o jogo, não odeie o jogador.

O espetáculo continua.

Rafael Magalhães