Quando conhecemos uma pessoa, construímos uma imagem.
A imagem tem a ver com as nossas
expectativas e mais ainda com o que
ela "vende" de si mesma.
É pelo resultado disso
tudo que nos apaixonamos.
Se a pessoa for parecida com a imagem que
projetou em nós, desfazer-se dela,
mais tarde, não será tão penoso.
Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo.
No final, sobreviverão as boas lembranças.
Mas se esta pessoa "inventou"
um personagem e você acreditou,
virá um processo mais lento:
a de desconstrução daquilo que
você achou que era real.
Desconstruindo Ana, desconstruindo Marcos,
desconstruindo Carla.
Milhares de pessoas vivem seus dias
aparentemente numa boa, mas por dentro
estão "desconstruindo ilusões".
Tudo porque se apaixonaram por uma fraude,
não por alguém autêntico.
Ok, é natural que, numa aproximação,
a gente "venda" mais nossas qualidades
que defeitos. Ninguém vai iniciar uma história
dizendo: muito prazer, eu sou arrogante,
preguiçoso e cleptomaníaco.
Nada disso, é a hora de fazer charme.
Uma vez o romance engatado,
aí as defesas são postas de lado e a gente
mostra quem realmente é, nossas gracinhas,
manias e imperfeições.
Isso se formos honestos.
Os desonestos são aqueles que fabricam
idéias e atitudes, até que um dia cansam
da brincadeira, deixam cair a máscara
e o outro fica ali,
sem entender absolutamente nada.
Quem se apaixonou por uma mentira,
tem que desconstruí-la para
"desapaixonar".
É um sufoco. Exige que você reconheça
que foi seduzido por uma fantasia,
que você é capaz de se deixar confundir,
que o seu desejo é mais
forte do que sua astúcia.
Significa encarar que alguém por quem você
dedicou um sentimento bacana não chegou a
existir, que tudo não passou de
uma representação.
Talvez até não tenha sido por mal,
pode ser que esta pessoa nem conheça
a si mesma, por isso ela se inventa.
Sorte quando a gente sabe com quem está
lidando: mesmo que venha a desamá-lo
um dia, tudo o que foi construído
se manterá de pé.
Afinal, todos, resistimos muito a aceitar que
alguém que gostamos não é, e nem nunca foi,
ESPECIAL.
(Martha Medeiros)