quarta-feira, fevereiro 24, 2016

Sem rascunho


Acho lindas as escritoras doces.

Lindas suas palavras tão amanteigadas pela ternura de uma alma imune às cruezas.

Já eu sou aquela da "pá virada", como dizem.

Sou a que mostra o hematoma mais feioso, a que deixa fluir o palavrão, a que bate boca com Deus e a que diz que não está nada bem e que, se bobear, também não vai ficar, se algo não mudar, e rápido.

Sim, paciência não é meu forte.

Até hoje não entendo quem jogue paciência.

Eu quero jogar "A" paciência pela janela quando ela me exige muito.

Quando atormenta os meus sentidos mais sentidos.

Claro que acredito em milagres.

Não fosse isso não teria uma marca chamada Espaço Claridade.

Claridade significa luz viva.

O que eu não acredito é em rodeios, em divagações, em excesso de subjetividade, em mimimi.

Gosto do papo reto, da palavra certa, do tom assertivo.

Sou uma catástrofe quando conhecida porque tenho um aparência suave e uma voz fina.

Não por acaso já me perguntaram diversas vezes "você é você mesma?", rsrrs.

Respondi : acho que a que escreve os textos deve mesmo ser outra. Mais gargalhadas.

Ontem, uma leitora, minha xará, disse o quanto estava feliz em poder estar mais próxima de mim enquanto me contava sobre uma tristezinha.

Sabe o que eu fiz?

Disse à ela que estava triste assim como ela e que, na mesma proporção, estava querendo um colo.

E não é que ela deu? E adorei o colo dela.

Tenho amigas escritoras maravilhosas e algumas delas são amigas pessoais, inclusive, quando me ouvem dizem " que voz de menina, você é real?". Gargalhadas soltas.

Não consigo manter o protocolo.

Aliás, não sou muito protocolar.

Sou gente que escreve sem rascunho.

Cláudia Dornelles