domingo, março 15, 2015

Cresci ouvindo que "o show não pode parar".


A peteca que não se desencanta.

Peteca no ar e cabeça erguida.

Ordens recebidas desde o nascimento.

Quando pequena aprendi que "a peteca não poderia cair".

Cresci ouvindo que "o show não pode parar".

Amadureci se é que posso usar a palavra com alguma credencial - internalizando que é preciso estar atenta e forte.

Ok, não me perguntaram se eu concordava com tais teorias, mas, confesso:acreditei nelas.

Permaneço (quase) acreditando.

Hoje mereço pausas mais constantes.

Hoje me permito comer além do peso ideal e abro exceções para essa e outras gulas, como as de devorar leituras variadas e muito diferentes ao mesmo tempo.

Quando vejo gente esquálida e deselegante, me pergunto por quê a criatura não tenta ser leve além de magra.

Elegância é tão maior que vestir 38.

Meu tempo é agora.

Meu dia é hoje.

Meus amigos são poucos e a cada dia, neste assunto, sou mais voraz na seleção.

Minha magia é manter a peteca no alto, a alma estendida no varal pra pegar sol, desabafar e desabar, não necessariamente nesta ordem, mas me permitindo à desordem sempre que farejo algo errado, deslocado.

Meu faro de perceber gente que se inquieta com a felicidade alheia não me aborrece mais.

Me credencia a ser mais vigilante com as escolhas que faço.

Escolher é mais que preferir.

Escolher é renunciar a todas as outras possibilidades.

Minha magia tem sido única:escolher com parcimônia e senso de observação o que, quem e quando quero à minha volta.

Minha magia maior é a não-desistência.

E a peteca?

Ah, agora ela está com você.

Qual tem sido a sua magia?

Mesa posta. Estamos reunidas.

Magicamente encontradas.

E isso é mágico!


Cláudia Dornelles Curtir ·

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