sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Pois eterno é o amor que une e separa...


Agora me lembra um, antes me lembrava outro. 

Dia virá em que nenhum será lembrado. 

Então no mesmo esquecimento se fundirão. 

Mais uma vez a carne unida, e as bodas cumprindo-se em si mesmas, como ontem e sempre. 

Pois eterno é o amor que une e separa, e eterno o fim (já começara, antes de ser), e somos eternos, frágeis, nebulosos, tartamudos, frustados: eternos. 

E o esquecimento ainda é memória, e lagoas de sono selam em seu negrume o que amamos e fomos um dia, ou nunca fomos, e contudo arde em nós à maneira da chama que dorme nos paus de lenha jogados no galpão. 

Carlos Drummond de Andrade.

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