terça-feira, novembro 25, 2014

MÁGOA.


Não é um sentimento.

É apenas a taxa de juros de um sentir.

Uma cobrança que nunca para.

A anuidade indevida de um cartão qualquer.

Dívida corrigida dia a dia.

Rendimento zero.

Investimento nulo.

Mágoa acumula.

Fica grudada na gente.

Espalha até chegar ao olhar.

Vociferar.

Alimenta-se da mais pura vontade de um ontem, da desilusão de um amanhã.

Insiste num brigar com o relógio.

No amarrar de seus ponteiros.

Como se pudesse segurar o tempo.

Pobre tentativa.

Mágoa é sempre passageira.

Vem de visita, dorme na sala.

Árvore grande de raízes frágeis.

Um dia cai, cede.

Sem fazer barulho.

Bate asas silenciosamente.

Vai embora sem dizer adeus.

Tudo por não ter a força de um sentimento.

É apenas a fraqueza pela falta dele.


Emille Kisar

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