sexta-feira, abril 04, 2014

AMOR E COMPAIXÃO: CAMINHOS PARA A ALEGRIA E PROSPERIDADE


"Experimentamos uma sensação de proximidade com os seres que nos são queridos. Temos uma sensação de compaixão e empatia para com eles. Temos também um forte amor por essas pessoas, mas frequentemente esse amor e compaixão são baseados em nossas auto referências:

"Esse ou aquele é meu amigo", "meu esposo", "meu filho", e assim por diante.

O que acontece com esse tipo de amor e compaixão, que pode ser forte, é que eles podem ser tingidos por apego, uma vez que eles envolvem considerações auto referenciadas. Uma vez que haja apego, há também o potencial para o ódio e a raiva aparecerem. Apego, raiva e ódio andam de mãos dadas.

Por exemplo, se a compaixão de um ser por outro é tingida por apego, ao menor incidente ela pode se transformar em seu oposto emocional. Então, ao invés de desejar que essa pessoa seja feliz, desejamos que ela sinta-se mal.

A verdadeira compaixão e o verdadeiro amor, são baseados no simples reconhecimento que os outros, como eu, naturalmente aspiram à felicidade e à superação do sofrimento, e que eles, como eu, têm o direito de alcançar essa aspiração básica.

A empatia que você desenvolve por outro ser, baseada no reconhecimento desse fato básico, é a compaixão universal. Não há elementos de preconceito ou discriminação. Essa compaixão pode ser estendida a todos os seres vivos, uma vez que eles são capazes de experimentar dor e felicidade.

Assim, a característica essencial da verdadeira compaixão é que ela é universal, sem discriminação. Assim, o cultivo da compaixão, na tradição budista, envolve primeiramente cultivar pensamentos de mente tranquila, estável, ou de equanimidade, para com todos os seres vivos.

A prática do desenvolvimento e cultivo da equanimidade envolve uma forma de desapego. Mas é importante entender o que esse desapego significa. Algumas vezes, quando as pessoas ouvem a respeito da prática budista do desapego, elas pensam que o budismo defende a indiferença em relação a todas as coisas, mas esse não é o caso.

Os ensinamentos budistas do desapego não implicam o desenvolvimento de uma atitude de desengajamento ou indiferença para com o mundo ou a vida. Vale ressaltar que outros seres são a fonte principal de nossa alegria, felicidade e prosperidade, e isso não apenas nos relacionamentos do dia-a-dia com as pessoas.

Podemos ver que todas as experiências desejáveis que nós cultivamos ou aspiramos alcançar, dependem da cooperação e interação com outros seres. Esse é um fato óbvio. Similarmente, do ponto de vista do praticante no caminho, muitos dos níveis elevados de realização obtidos e o progresso espiritual feito dependem da cooperação e interação com outros seres. Além disso, no estado de iluminação, a verdadeira compaixão búdica acontece espontaneamente, e sem nenhum esforço, apenas em relação aos outros seres, porque eles são os recipientes e beneficiários dessas atividades iluminadas.

Assim pode-se ver que os outros seres são, em um sentido, a fonte verdadeira de nossa alegria, prosperidade e felicidade."

Dalai Lama

maria tereza cichelli

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