quinta-feira, março 27, 2014

QUANDO TUDO SE DESFAZ


[...] Somos criados em uma cultura que teme a morte e a esconde de nós.

No entanto, nós a experimentamos o tempo todo!

Nós a experimentamos na forma de decepção, na forma de coisas que não funcionam.

Nós a experimentamos na forma de coisas constantemente em um processo de mudança.

Quando o dia acaba, quando o segundo acaba, quando respiramos, essa é a morte na vida diária.

A morte na vida diária também pode ser definida como a experiência de todas as coisas que não queremos: nosso casamento não está funcionando, nosso trabalho não está satisfatório.

Ter uma relação com a morte na vida diária significa que nós começamos a ser capazes de esperar, a relaxar na insegurança, no pânico, na vergonha, nas coisas que não estão funcionando.

Conforme os anos passam, nós não chamamos as babás tão rapidamente.

A morte e a não-esperança dão a motivação adequada.

Motivação adequada para viver uma vida contemplativa e compassiva.

Mas a maior parte do tempo, evitar a morte é nossa maior motivação.

Nós tendemos a evitar qualquer sensação de problema.

Nós sempre tentamos negar que é uma ocorrência natural que as coisas mudam.

Que a areia está escorrendo entre nossos dedos.

O tempo está passando.

Isso é tão natural quanto a mudança das estações, e o dia se transformando em noite.

Mas ficarmos velhos, ficarmos doentes, perdermos o que amamos, nós não vemos esses eventos como ocorrências naturais.

Nós queremos evitar essa sensação de morte, não importa como.

Relaxar no momento atual, relaxar na falta de esperança, relaxar na morte, não resistindo ao fato de que as coisas acabam, as coisas passam, de que as coisas não têm uma substância duradoura e que tudo está mudando o tempo todo.

Essa é a mensagem básica. [...]


Monja Ani Pema Chodron

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