Amizade é coisa simples: Alguém pensa em você mesmo quando você não pede tampouco precisa. E quando precisa não pede porque faz parte do outro, a ponto dele sentir, pressentir.
sexta-feira, outubro 04, 2013
Que tal ocuparmos o espaço público?
No último fim de semana, eu e meu marido decidimos fazer um passeio que há tempos queríamos fazer: ir a pé até o centro histórico de São Paulo registrando detalhes da cidade com uma máquina fotográfica. A empolgação venceu até o medo da chuva, mas quase foi apagada pelo medo de que levassem minha câmera.
Porque acreditamos que as pessoas precisam ocupar melhor os espaços públicos e se apropriar da cidade, nos mudamos para o centro da capital paulista contra todos os conselhos e opiniões da nossa família e dos amigos da classe média.
“Mas é sujo”, “mas é perigoso”, “mas é feio”, “mas tem muito trânsito”.
Tentaram de tudo.
Durante o passeio, fiquei tensa em diversos momentos. Não à toa. De fato, todos nos encaravam na rua como se fôssemos de outro planeta por estarmos tirando fotos da cidade. Mas voltamos para casa com ótimas fotos, e pretendo voltar outras vezes.
E mais: como ando todos os dias no centro até o metrô para trabalhar, passei a reparar em mais detalhes da cidade que eu gostaria de fotografar em outras oportunidades.Mas a solução para o medo não é se enfurnar em shopping centers, condomínios e carros blindados.
É ocupar a cidade e seus espaços públicos. Foi contra esse medo que lutei na hora de sair de casa com a câmera fotográfica. E fico feliz que minha vontade tenha sobreposto esse sentimento sufocante de ser refém das hostilidades urbanas.
Ironicamente, o que mais registrei naquele fim de semana foi a degradação dos espaços públicos, justamente por serem mal aproveitados pelas pessoas. Na volta, inspirados pelo passeio, começamos a rabiscar em um caderno problemas dos espaços coletivos de São Paulo e possíveis soluções que nós – as pessoas que moram na cidade – podemos dar conta ou pedir do poder público ou da iniciativa privada.
E se houvessem mais floreiras e árvores?
E se as pessoas pudesse sentar em bancos na rua?
E se as lixeiras fossem mais resistentes?
E se fossem permitidos grafites e jardins verticais nos paredões pichados e descascados?
E se as fachadas fossem mais bonitas?
E se os “food trucks”, ideia que explodiu nos Estados Unidos, fossem regularizados por aqui?
E se houvessem áreas com mesinhas e cadeiras para que as pessoas comessem, estudassem, trabalhassem e jogassem ao ar livre?
E se fosse seguro andar de bicicleta nas ruas?
O centro de São Paulo continua sujo e sim, requer atenção redobrada em relação a segurança (mas feio, nunca!).
Mas é empolgante perceber que ele é um retrato de como cuidamos mal de onde moramos, e como mudar essa realidade também está nas nossas mãos. É muito simples: se apropriar do espaço que, na teoria, já é nosso.
- Carmen Guerreiro
Postado por
mariatereza cichelli
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