sexta-feira, julho 13, 2012

Liberdade ao gosto de quem pedala


As meninas aí de cima são três jovens londrinas filhas de pais que imigraram de Bangladesh à capital inglesa. Elas começaram a aprender a pedalar só depois de “crescidas”, na adolescência. Se aqui no Brasil a “tradição” é que meninos e meninas aprendam a pedalar ainda bem crianças, em alguns países do oriente, especialmente os de maioria muçulmana, a tradição é que meninas jamais pedalem, e só os meninos tenham acesso à bicicleta.

As garotas da foto também são muçulmanas, e seus pais, ciosos da cultura de seu país de origem, jamais as apresentaram à bike. A proibição não tem tanto a ver com a religião em si, mas com a cultura machista que se vive em países como Bangladesh, Índia,

Paquistão e Irã, onde as mulheres têm muitas liberdades tolhidas, entre elas, a de andar de bicicleta. A religião, nesse caso, é interpretada ao gosto do freguês, e passa a ser usada como justificativa do machismo, que deixa de ser machismo e passa a se chamar vontade de Deus.

O processo de aculturação para essas três jovens, contudo, foi mais forte do que as tradições familiares. Em Londres pedala-se muito. Mulheres e homens.

E não parecia razoável a elas, imersas no dia-a-dia londrino, que somente os meninos pudessem andar de bicicleta e elas não. A bike parecia algo tão bom, simples, tão libertador…. e era justamente dessa liberdade que elas precisavam.

Liberdade ao gosto de quem pedala

Sem exageros – e com base na experiência de tantas pessoas que conheço e que pedalam –, a bicicleta tem essa virtude da liberdade intrínseca ao seu uso. O curioso é que a liberdade oferecida é múltipla.

Para as meninas muçulmanas de Londres, era a liberdade em relação ao machismo e às restrições ligadas ao gênero; para quem gosta de agilidade, é a liberdade de não precisar ficar preso por horas em congestionamentos; para quem faz questão de ter uma vida saudável, a bike oferece a liberdade de manter o corpo ativo; para quem precisa economizar dinheiro, a bicicleta tem custo quase zero, e deixa o orçamento livre para ser investido em outras coisas. Para quem gosta de uma vida menos agitada e mais contemplativa, a bicicleta oferece a liberdade de ir pelas ruas do “lado de fora”, observando pessoas e paisagens no ritmo desejado.

A lista é imensa. Tem liberdade pra todo mundo.[...]

ÉPOCA

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