quinta-feira, março 10, 2011

Os Fantoches...
BBB11


"Isso tudo pra mim é armação!", afirmou uma senhora numa sala de espera conversando com uma amiga. "Eles manipulam tudo, e as pessoas ainda se dão ao trabalho de votar, que bobagem." A amiga não concordava. "De jeito nenhum, você está completamente louca", argumentava ela contrariadíssima.

Eram duas senhoras "comuns", que obviamente nem suspeitavam que o assunto de sua conversa poderia me interessar. Logo as duas se foram, cada uma absolutamente convicta de sua razão. E, sozinho na sala de espera, fiquei pensando. Será?

E se fosse mesmo tudo uma "armação ilimitada"? Se os brothers não passassem de "fantoches" coordenados pelo diretor do programa, com a anuência da emissora, é claro?! Em se tratando de um "negócio" que gera milhões não seria nada tão improvável assim.

Fui correndo observar os mil e um chats de "BBBmaníacos" que passam o dia assistindo o Pay Per View e trocando farpas nas salas de bate-papo. Xingamentos, grosserias, ofensas --vale tudo na boca dos torcedores inflamados. E se eles descobrissem, de repente, que é tudo "combinado"? E se ingênuo sou eu, e as torcidas também fazem parte da trama?

Trauma. Talvez fosse melhor ligar para o meu psiquiatra, se tivesse um.

Apelidos irônicos e debochados são o "forte" dos chats. Entre tantos, o de Jaqueline foi um dos mais espirituosos: "Jararaque". Concordando ou não com a essência da coisa, foi muito bem bolado. Mauricio foi chamado de "MaumauElemento". Divertido.

Fofocas e fuxicos rolam soltos. Houve quem afirmasse que "Jararaque" conversou tanto com uma prima que deu tempo até de encomendar "uns Avon"! Muito engraçado! E fez acusações fortíssimas! Segundo ele, a emissora não teria levado a bateria da Beija-Flor no dia da festa em que se apresentou a Grande Rio porque Jaqueline ainda era noiva do Júnior, filho do Neguinho da Beija-Flor. Ontem à tarde, ao ouvir o samba-enredo da escola de Nilópolis, "Jararaque" chorou. Teriam fundamento as afirmações do desafeto da dançarina?

"Você está completamente louca", me voltou à cabeça a fala enfática da senhora que defendia a veracidade do "BBB" na sala de espera.

Dizem as pesquisas que, mesmo com a audiência bem mais baixa do que a esperada, o programa consegue dar lucro. E aí sim, ninguém é ingênuo de não saber que é esse o objetivo de toda e qualquer empresa. Não foi à toa que me veio à cabeça o filme "Quiz Show - A Verdade dos Bastidores", dirigido por Robert Redford. Nele, uma grande emissora de televisão faz um jogo com cartas marcadas.

Cabeça desanuviada, hoje à noite o jogo retoma seu rumo. Prova do líder, num momento crucial. Um site dos tantos que trata do "BBB" está apontando Daniel, Diana e Maria como prováveis finalistas. Será?

E o que é de Mister Rodrigão, com sua legião de admiradores? E Daniel, que teve apenas 8% dos votos em seu primeiro paredão? E a "garota de Roraima", que é "gente como a gente"? "Eu não sou gente como aquela garota, não" replicou uma menina ao ler essa afirmação sobre a estudante roraimense.

"Os Fantoches" foi uma telenovela de Ivani Ribeiro, produzida pela extinta TV Excelsior, dirigida pelo talentoso Walter Avancini, que trazia no elenco jovens estrelas como Dina Sfat e Regina Duarte. Apenas a título de ilustração.

Com afetos e desafetos, a verdade é que o 'BBBem sem vergonha' ainda dá o que falar.

Isso se não for tudo previamente combinado. Já pensou? Resquícios do trauma!

RENATO KRAMER
COLUNISTA DA FOLHA

maria tereza cichelli

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