Gustavo Drummond
Chuva cai inclemente,
Molha minha alma e
Passa meus sentimentos.
Molha os telhados
As cabeças nuas
As flores mais jovens
Desnorteia o fluviômetro,
Inunda meu sotão vazio,
Os vinhos no porão.
Desabriga os pensamentos,
Desaloja o coração.
Desloca móveis, hangares,
Icebergs, clamores.
Goteiras no meu ego,
Lágrimas em exaustão.
Pixam o céu de raios,
Tatuam medo e trovão.
A enxurrada leva sonhos,
Senhas, sendas, aranhas.
Banham o nascer da manhã.
Invadem platôs,pilares,
Mortos brotam do chão.
Letárgicos em pó.
Apagam o fogo fátuo.
Fato consumado:
Ainda que morra,
Corra perigo,
Deixe que chova
Anchovas, topázios.
Granizos, grilos,
Abutres, abduções.
Façam todas orações,
Acendam todas as velas,
Queimem os ramos bentos.
Monocromática aquarela,
Só tenho um intento:
Molhar e te amar,
Mesmo que voce vire mar,
Ainda que eu viva chovendo,
Meu querer te querendo,
Meu amor te amando,
E dure até não sei quando...
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