terça-feira, maio 26, 2020

Soneto da infância breve



Soneto da infância breve

Muito cedo deixei de ser criança
e só guardei,à guisa de brinquedo,
encharcada de lua essa lembrança
de não ser mais criança muito cedo.

É esse cheiro de verde e a brisa mansa
ondulante de verde e de arvoredo
e o folguedo doirado dessa trança
que um dia me contou o seu segredo.

O menino que eu fui ainda corre
no meu país distante.O dia morre,
as sombras vão descendo,o sono vence-o.

E ele dorme,de mim desencontrado,
o menino que eu fui dorme embalado
na surdez em surdina do silêncio

Sidónio Muralha

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