segunda-feira, março 02, 2015

O amor de verdade dói. Ele arranha.


"Acho que o amor não tem muita explicação, a não ser a seguinte: a gente precisa estar preparado para a chegada dele. 

Porque é difícil, é muito difícil amar. E dói. 

Não pense que ao encontrar o amor da sua vida os dias se transformarão em delícias sem fim. Dói. 

O amor de verdade dói. Ele arranha. 

Você fica com medo que um dia o sentimento te abandone. 

Isso causa dor. Dói. Eu insisto: dói. 

Não é um mar de rosas, depois que passa a fase inicial e você conhece os defeitos de trás para a frente, dói. 

É uma dor doce. 

Mas você não precisa da outra pessoa. 

Você gosta de como ela te abraça, te entende, te ouve, te beija, te olha. 

Você acha bonita a forma como ela mexe a colher dentro da panela, amarra o sapato, segura o guarda- chuva, tosse, liga a televisão. 

Só aquele tom de voz te tranquiliza, só aquele abraço te salva do caos de uma semana infernal. 

Você tem consciência que existem outras coxas, peitos, braços, pernas, olhares e cérebros no mundo. 

Você sabe que existem outras pessoas bonitas, atraentes e cheirosas no planeta. 

Mas só aquela te deixa com tesão. Tesão por tudo. 

Pela vida. Pela crença no amor de verdade. 

Pela vontade de juntar as escovas de dentes e as meias na gaveta. 

Pela magia que o amor traz. Pela rotina que o amor traz. 

Pela chatice que o amor traz. Porque o amor também é chato, um legítimo velho resmungão. 

O amor também é cheio de tédio. 

Mas se você sente que só aquela pessoa vale e merece essa dor que acompanha o amor, então é porque você ama com tudo o que você pode. 

E, aí sim, é que você está completamente livre. 

Livre para ser quem quiser. Para fazer o que tiver vontade. 

Para exercitar a sua solidão. A dois. 

Somando. Fazendo crescer." 


Clarissa Corrêa

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