sexta-feira, dezembro 13, 2013

para te manteres vivo


"para te manteres vivo 

- todas as manhãs arrumas a casa sacodes tapetes limpas o pó e o mesmo fazes com a alma 

- puxas-lhe brilho regas o coração e o grande feto verde-granulado deixas o verão deslizar de mansinho para o cobre luminoso do outono e às primeiras chuvadas recomeças a escrever como se em ti fertilizasses uma terra generosa cansada de pouso

- uma terra necessitada de águas de sons de afetos para intensificar o esplendor do teu firmamento passa um bando de andorinhões rente à janela sobrevoam o rosto que surge do mar 

- crepúsculo donde se soltaram as abelhas incompreensíveis da memória luzeiros marinhos sobre a pele 

- peixes que se enforcam com a corda de notilucos estendida nesta mudança de estação"

 al berto

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