segunda-feira, outubro 10, 2016

A autoimportância é importância demais


 É preciso colocar as mágoas para secar e cessar a onda maçante da autoimportância.

Ninguém é tão importante a ponto de ter o direito de dizer absolutamente tudo o que lhe vem à cabeça.

Ninguém é tão desimportante a ponto de ter de carregar o lixo do outro, seja ele quem for.

Nada justifica a falta de polidez disfarçada de sinceridade.

Sinceridade é outra coisa: sinceridade é ser leal a alguma ideia mantendo a elegância e a avidez de uma emoção bem elaborada.

Quando se está permanentemente em estado de cólera, quando a raiva toma conta, a ponto de o sujeito viver em sua companhia de forma permanente, há um sinal claro: a raiva não tem no outro sua razão.

A raiva é de si mesmo.

A raiva é de não ser, não compreender, não elaborar.

Ponha a alma no varal.

Tire o mofo.

Abra as janelas do ego.

Deixe sua vaidade ir embora.

Seja leve e carinhoso consigo mesmo.

Ensolare suas mágoas.

Liberte-se de seu ego carrasco.


Cláudia Dornelles