segunda-feira, junho 08, 2015

E por falar em saudade...


Há dias em que a saudade é companhia de todos os nossos gestos e parceira para a solidão dos nossos olhares.

Não há saudade mais inquietante que aquela que transcende a presença física.

Em dias assim, as palavras desconhecem as letras, a voz.

Torna-se inexprimível a emoção e o descrever de qualquer sentimento.

Ficamos afins do silêncio, do segredo do recordar e entregamo-nos à cumplicidade do pensamento. 

Tanto tenho ouvido estes dias sobre saudade e gente em solidão.

Alguns sentindo solidão consentida, permitida; outros, à mercê de uma solidão posseira que os desconhecem.

Quem já não se sentiu estrangeiro diante de si mesmo?

Quantas vezes não reconhecemos o que nos circunda?

É como se nos ausentássemos do nosso corpo e fôssemos conduzidos a lugares que nunca estivemos, como se o olhar buscasse uma intimidade perdida ou jamais vivida.

Quantas vezes não nos flagramos procurando o caminho de ida e volta pela vida?

É como se tentássemos surpreender os nossos passos para encontrarmos antigos e novos caminhos.

Nesses momentos, os nossos olhos precisam nos ver refletidos no espelho dos nossos olhares.

Uma imagem que nos remete a um encontro que pode ser pacificador, se nos pronunciarmos para o nosso coração.

Há no mais íntimo de nós, um idioma, uma linguagem de afetos e ternuras que anseia que nós a descubramos.

Há sempre páginas que podemos escrever com letras de vida.

Resta-nos sempre e ainda nossos olhares estendidos em incansáveis esperas, enquanto nosso caminho nos reconhece também como nosso destino possível.


Fernanda Guimarães



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