terça-feira, março 17, 2015

Não foi banal


Nunca é banal milhares de pessoas nas ruas protestando.

Não é banal viver a democracia.

Não foi banal ruas cheias, Brasil afora, contra uma presidenta, um ex-presidente emblemático, um partido, um estado de coisas, escândalos, corrupção.

Não é banal a exposta roubalheira na Petrobras.

Não são banais repetições de escândalos de volumosa corrupção.

Não é banal caixa 2, dinheiro-não-contabilizado, formação de quadrilha para desviar recursos públicos.

Não é banal ter na cadeia corruptos e corruptores.

Não é banal viver em democracia.

Não é banal um partido que embalou sonhos de uma geração estar assim tão desgastado, desacreditado, associado à corrupção e aos desacertos todos da política, na economia, de governos legalmente constituídos.

Não será mais banal mentir para o eleitor?

Também não será mais banal prometer X e entregar Y?

Não pode ser banal a arrogância, a prepotência, o descaso.

Não foi banal o 15 de março de 2015.

Não é banal a democracia.

Não são banais pedidos de volta à ditadura de triste e violenta história, tão recente.

Não foi banal alguma manifesta saudade dos militares por toda a violência que evoca.

Nunca é banal a saudade do mal.

Não foram banais faixas e bandeiras contra o falecido comunismo-vermelho - caduco, soterrado em históricos desmandos, tragédias, perseguições, corrupção.

Mentiras e violência.

Não é banal repetir 1964 e temer ainda a velha Cuba - hoje esfacelada, isolada, desacreditada, em fim de caso.

Não é banal protestar contra Paulo Freire. (Como assim? Por favor, ele não).

Nunca é banal a ignorância.

Não é banal a exibição de preconceitos, de conservadorismo, de revanchismos.

Não é banal a explosão de raivas contidas e ódios emperrados.

Nunca é banal motivar a junção de tão desbaratadas vontades.

Não foi banal o 15 de março de 2015.

Não é banal viver em democracia.

Também não é banal o medo de perdê-la.

Tânia Fusco Tânia Fusco

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