domingo, março 29, 2015

A moral de um homem


São 4h21 da manhã, é domingo e o sol se aproxima para despertar-nos do sono em que nos encontramos. O que um homem pode responder quando ouve a voz do silêncio da madrugada perguntando-lhe o que tem feito para que o mundo seja um lugar melhor para se viver?

A primeira resposta que vem à mente, como que por impulso, é racionalizada, egocêntrica, defensiva, carregada de vaidades, com todas as coisas boas que realiza no seu trabalho e como sua família tem orgulho dele, mas o silêncio da madrugada é sábio e impiedoso, a questão não foi respondida à altura do que se propõe a reflexão!

O homem abaixa sua cabeça, reconsidera sua resposta, olhando para perto percebe que poderia ser um esposo melhor, um pai melhor, um profissional melhor, mas ainda assim o silêncio não se satisfaz com seu reconhecimento e com a admissão de sua precariedade diante das possibilidades que lhe cercam.

Há mais, diz o silêncio! Se a um homem foi dado a dádiva de enxergar o horizonte, tudo o que ocorre no alcance de sua visão lhe diz respeito, tudo que acontece ao seu redor e lhe afeta direta ou indiretamente lhe diz respeito e não apenas lhe importa, mas também em um nível maior ou menor, de toda esta realidade ele é responsável.

Se meu suor toca o chão onde piso, pode regar as sementes da honestidade e, se meus pés pisam sobre o suor de outros, eu lhes devo meu reconhecimento, se contudo minhas lágrimas são as que regam o solo sob meus pés, meu sofrimento rega as sementes da esperança e se por algum motivo piso sobre as lágrimas de outros, devo-lhes o respeito e a admiração.

As pegadas que sigo são de outros que antes de mim abriram caminhos; as pegadas que deixo, com o tempo se dissiparão e minha única esperança é que antes que isto aconteça, outras pessoas possam enxergá-las e minha existência não terá sido em vão.

Se de algum modo correr sozinho para desbravar riquezas, amanhã sozinho perecerei e minha herança será o pó; se com paciência abraço os que me cercam e lhes considero como amigos e verdadeiramente irmãos, não só meu suor regará o futuro, mas se somará aos dos que comigo seguem; não só minhas lágrimas regarão a esperança, mas se somará às dos que comigo sonham; não só minhas pegadas marcarão o caminho que eventualmente desvendei, mas uma rota indelével se fixará no chão; não só o pó sobrará e se esta é a herança a ser deixada, outra opção não há, o que no horizonte meus olhos tocarem, tudo e todos abraçarei.

São 4h40 da manhã, é domingo e o sol se aproxima, meu sono à minha consciência despertei!

O SEGREDO

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