quinta-feira, setembro 27, 2012

“Não me lembro!”: o filme dos loucos anos 70 no Rio


A frase de Nelson Motta sintetiza bem o que foi o Rio de Janeiro na década de 70: “Se você perguntar, as pessoas vão dizer: ‘Não me lembro’. Claro, estava todo mundo muito louco!”. Motta, o criador da boate Frenetic Dancing Day’s, é um dos entrevistados dos diretores Maurício Branco e Patricia Faloppa no documentário Rio Anos 70, que será lançado nesta sexta-feira (28), no Cine Odeon, na programação do Festival do Rio.

“Não estou ansioso porque é uma coisa que já está pronta. Não vou ter que atuar. O filme é um presente para quem ama disco music, porque é um chá de felicidade, um documentário que não fala de problemas, só de glamour”, diz Branco à coluna. Ele passou seis anos gravando depoimentos para o longa de 1h45 minutos, incluindo, em Paris, o da mítica Régine Choukroun, dona da boate Régine’s. “Só quero que as pessoas gostem e vejam que o Rio foi muito mais feliz naquela época. As pessoas não tinham culpa pelas atitudes sexuais e outras consequências. A cidade era menor e todo mundo se conhecia”, explica Branco.

São cerca de 60 depoimentos de cariocas ilustres, de nascimento ou adoção, que viveram intensamente a efervescência cultural da época — sob uma ditadura militar que tentava proibir a liberdade de expressão. Ney Matogrosso é um deles. “As drogas deixavam você nas mãos dos outros. Já éramos disponíveis pela própria natureza e ainda tomávamos substâncias que cancelavam a censura. Se alguém pedia para a gente tirar a roupa, a gente tirava e ficava à vontade”, diz o cantor num trecho do filme.

Regina Casé também conta que era muito mais fácil viver na cidade: “Você podia andar tranquilamente do Leblon a Copacabana. O maior perigo era a polícia”, brinca ela. “O público vai ver como o politicamente correto transformou a cidade numa caretice só. Nesse sentido demos uma regredida. As pessoas vão ver um Rio moderno, criativo e inspirador”, avisa o diretor, que vai participar de um debate sobre o documentário para 600 pessoas neste sábado (29), no Píer Mauá.

Dá o play!





Bruno Astuto - ÉPOCA

maria tereza cichelli

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pelo comentário...